quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Do Paradigma S-R ao Comportamento Operante

O modelo estímulo-resposta serviu perfeitamente a Watson, que se limitou a estudar comportamentos reflexos. A transposição do experimento de condicionamento clássico de Pavlov para a Psicologia permitiu que os primeiros estudos do comportamento humano fossem realizados sob moldes científicos. O problema é que os reflexos são somente uma parte pequena de nossos comportamentos. A maior parte de nossos comportamentos não pode ser acionada através de um estímulo, como um martelinho batendo no joelho. Percebe-se que o modelo de Watson era bastante mecanicista, ainda muito apoiado na física newtoniana, e não daria conta de explicar os problemas mais complexos do ser humano.
Edward Lee Thorndike, um psicólogo americano, observou, estudando animais, que os comportamentos tendiam a se repetir quando as consequências eram agradáveis, e a diminuir de frequência quando as consequências eram desagradáveis. Através dessa observação, enunciou a Lei do Efeito, e realizou diversos experimentos demonstrando ser possível a aprendizagem de novos comportamentos através do controle de suas consequências.
Eatariam, então, lançadas as bases para a formulação de um dos principais conceitos do Behaviorismo Radical: o comportamento operante.
Essa denominação indica que se trata de um comportamento que "opera" no ambiente, modificando-o e sendo modificado por ele. Por mais que muitos críticos acusem Skinner de ser mecanicista e de ver o homem como ser passivo, isso não é verdade. O homem é visto por Skinner como um ser transformador do ambiente. Ele muda o mundo à sua volta que, por sua vez, também age sobre seus comportamentos. Ou seja, há aqui uma noção de inter-relação, de ação recíproca e dialética.
Por exemplo, se eu sorrio para alguém carrancudo e produzo simpatia, transformo a minha realidade e, por isso, há uma grande probabilidade de que continue sorrindo em situações semelhantes.
Quando me comporto escrevendo um texto sobre esse assunto, estou operando sobre o ambiente à minha volta, podendo provocar diferentes reações, desde a indiferença, até elogios e críticas. Dependendo das consequências que esse meu comportamento possa produzir, a probabilidade de que eu venha a continuar escrevendo pode aumentar ou diminuir.
Um mesmo comportamento pode produzir diversas consequências. Algumas podem ter um efeito mais devastador, dependendo da procedência; outras, menos. Uma crítica mordaz de alguém que não domina a matéria teria pouco efeito sobre a probabilidade de eu parar de escrever, diferentemente do que se fosse lançada por alguém cuja aprovação fosse importante para mim.
Assim, a forma como as consequências afetam um comportamento não podem ser traduzidas em interações matemáticas e mecânicas. Os efeitos das consequências dependem também da história da pessoa, das relações que ela estabeleceu anteriormente com outros estímulos.
Enfim, para não haver mais confusão: na concepção de Skinner, à exceção dos comportamentos reflexos, nossos comportamentos não são "provocados" por estímulos antecedentes, como se fôssemos robôs. Somos seres atuantes, que modificam o ambiente em que nos encontramos. Agimos sobre o mundo e somos afetados pelas consequências de nossas ações. O homem que Skinner descreve é o homem operante.

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